Brasil enfrenta seca extrema e incêndios devastadores com crescimento do aquecimento global

A maior seca já registrada no Brasil afeta 1.400 municípios em condições extremas ou severas. Este cenário alarmante, que começou mais cedo este ano, é um reflexo das mudanças climáticas globais, impulsionadas pelo aquecimento global. Em 2024, o mês de agosto foi o mais quente da história mundial, e 13 dos últimos 14 meses apresentaram temperaturas 1,5ºC acima da média pré-industrial.

Para Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o aumento das temperaturas no Brasil está se consolidando. Ele aponta que o país sofre um impacto acima da média global, com São Paulo registrando um inverno com temperaturas 2ºC superiores ao habitual.

O climatologista Carlos Nobre também destaca que o planeta atingiu níveis de calor inéditos em 120 mil anos, o que está impulsionando eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e chuvas intensas, além de recordes de incêndios florestais. As regiões mais secas do Brasil, como o Pantanal, estão particularmente vulneráveis, com a seca aumentando o risco de fogo. A cientista Luciana Gatti destaca que os rios que alimentam o Pantanal nascem no Cerrado, que já perdeu mais de 60% de sua cobertura vegetal. O desmatamento destrói o sistema de raízes profundas, que abastecem os lençóis freáticos, comprometendo o volume dos rios.

Com a baixa umidade do ar, o país também enfrenta um aumento nos casos de problemas respiratórios, agravados pelas condições climáticas.

A Polícia Federal investiga a origem dos incêndios, com fortes indícios de que a maioria tenha sido causada por ação humana intencional. O delegado Humberto Freire revelou que há evidências de incêndios criminosos coordenados, como os registrados em Novo Progresso (PA) durante o “Dia do Fogo” de 2019. O governo, em resposta, pretende endurecer as leis, propondo aumento das penas, confisco de terras e restrição ao crédito para os envolvidos em crimes ambientais.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o fogo está se tornando uma nova ferramenta de desmatamento na Amazônia, com criminosos aproveitando as mudanças no clima para queimar a floresta antes de derrubá-la e tomar posse ilegal da terra. “Temos que barrar qualquer tentativa de regularização fundiária ligada a essas ações criminosas”, afirmou Marina, alertando para a necessidade de proteger as áreas públicas do avanço ilegal.

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