Relatório da PF explica ligação entre Bolsonaro e sumiço das jóias presidenciais

A Polícia Federal (PF) divulgou um relatório que expõe as conexões entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e um esquema de desvio de joias presidenciais. O documento indica que Bolsonaro, junto com outras onze pessoas, foi indiciado por crimes como associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. A PF alega que o ex-presidente vendia presentes recebidos de autoridades estrangeiras para enriquecimento ilícito.
Em depoimento ao delegado Alvarez Shor, o general da reserva Mauro Lorena Cid admitiu que transferiu US$ 68 mil para Bolsonaro de forma fracionada, dinheiro esse obtido da venda de relógios Patek Philippe e Rolex. Mauro Lorena Cid é pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro, apontado pela PF como coordenador do esquema de desvios de joias.
Um dos presentes desviados foi uma escultura de um veleiro e uma palmeira. O tenente-coronel Mauro Cid perguntou a Bolsonaro se ele iria levar a “árvore e o barco” em dezembro de 2022, quando o ex-presidente planejava uma viagem aos Estados Unidos. Embora as respostas de Bolsonaro tenham sido apagadas, a PF descobriu que a escultura foi levada pelo pai de Cid a lojas nos EUA, mas o grupo desistiu da venda ao descobrir que era feita de latão e tinha pouco valor.
Outro caso envolveu o “kit rosé”, presente da Arábia Saudita ao ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, composto por um anel, abotoaduras, um relógio e um terço islâmico. Bolsonaro respondeu com “selva”, um jargão militar significando “afirmativo”, após receber um link de leilão de Mauro Cid. A defesa de Bolsonaro argumenta que a responsabilidade pelo tratamento e catalogação dos bens recebidos pela presidência era do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, sem a interferência de Bolsonaro. Também destacou que o ex-presidente entregou os bens espontaneamente ao ser informado sobre o procedimento do Tribunal de Contas da União (TCU) para avaliar a destinação do acervo presidencial.